Baaba Maal é o maior cantor do Senegal. Segundo a tradição da nação africana, Baaba, que nasceu à beira de um rio, deveria ter se tornado um pescador, pois era filho da casta que faz esse trabalho no país. Mas o talento não se enquadra na tradição. Muita vez, ele surge exatamente para invertê-la, mostrar o quanto ela está ultrapassada. Esse astro da música africana e mundial, nascido em 12 de novembro de 1953, em Podor, uma pequena vila de 6 mil habitantes às margens do rio Senegal, acabaria se transformando em pescador de fãs. Sua música é uma hipnótica e deliciosa rede que envolve todos aqueles que se deparam com ela. Seu disco On the Road foi considerado pelo jornal britânico The Independent, em 2008, um dos melhores CDs de world music já produzidos neste sonoro planeta.
Os pais de Baaba queriam que o filho se tornasse um advogado. Também não deu certo. A música falou mais forte. Nos anos 1970, ele recebeu uma bolsa para estudar artes em Dakar. Nesta época, o jovem Baaba já havia decidido não seguir nem a profissão de pescador, nem de advogado. Em Dakar, ele passou a fazer parte da banda de Asly Kouta. Depois, formou a banda Lasli Fouta com seu amigo e guitarrista Mansour Seck.
No anos 1980, os dois foram para Paris onde lançaram o álbum Djam Leelii. Ao regressar ao Senegal, Maal formou o grupo Daande Lenol, que pode ser traduzido como “A Voz da Raça”. Nesse disco ele começou a misturar sonoridades tradicionalmente africanas com elementos do reggae e do pop. Em seu trabalho seguinte, Wango, sua carreira se consolidou e ele passou a ser um dos artistas mais importantes do Senegal. Os próximos trabalhos foram todos grandes sucessos. Baayo, de 1991; Lam Toro, de 1992; e Firin’in Fouta, de 1994, são todos excelentes.
Em 1998, ele mudou para a gravadora Palm Pictures, de Chris Blackwell. Lá, ele lançou Nomad Soul, um de seus melhores trabalhos. Porém, foi somente em 2008, depois de passar vários anos sem gravar, que seu disco On the Road o tornou mundialmente famoso. Foi com essa gravação que Baaba Maal passou a ser uma das vozes mais famosas da África no mundo. Na época do lançamento do CD, o jornal britânico The Guardian chegou a publicar uma crítica dizendo que Maal podia ser considerado “um dos melhores cantores do mundo”. Baaba, que já gravou com Peter Gabriel, Ernest Ranglin e Jah Wooble, é atualmente um dos músicos mais interessantes do muita vez repetitivo e cansativo universo pop. Foi considerado pelo jornal Los Angeles Times uma “masterclass de afro-pop”. Assim, Baaba mostra que o som que vem da África não é apenas aquele que sai dos sensacionais vuvuzelas, mas também o da riquíssima música do Senegal.
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