sábado, 24 de novembro de 2012

Krahôs: "Os Senhores do Cerrado".



A tribo indígena krahô que tem entre suas tarefas cotidianas, a caça, o plantio e o riso. Este povo considera a alegria um elemento-base de sua sociedade e designa entre seus líderes um sacerdote do riso: o hotxuá. Assim como a figura clássica do palhaço, eles têm a função do avesso. Brincando e animando o espírito da aldeia, os hotxuá dissipam disputas, lembram o desapego à ganância, falam o que os outros calam, ensinam o certo ao agir de forma errada e desmistificam o erro. Para cumprir essa tarefa, usam a força do sorriso e da doçura. Fortalecem a auto-estima e unem o grupo através da alegria, do abraço e da conversa garantindo a sobrevivência de sua cultura milenar. São profundamente respeitados por seu povo ao ajudar a manter a estrutura dessa sociedade feliz que valoriza e compreende a importância do equilíbrio entre os opostos.
Três crenças são primordiais na cultura krahô: a harmonia da Natureza, a força das plantas e a celebração à vida. Consideram que Natureza se divide entre o partido do sol (wakmiyé) e o partido do úmido (katamiyé) e as duas forças são complementares. Acreditam que as plantas foram presente de Caxekwyj, uma estrela que veio do céu e trouxe as sementes. Depois a estrela se transformou em moça e ensinou o povo a plantar e comer os frutos da terra. Um dia, um índio chegou à roça e as plantas estavam dançando e elas o ensinaram a festejar.
Fiéis ao que crêem, os krahôs reforçam constantemente a sabedoria de seu povo. Tem dois caciques, cada um representando um partido. Duas vezes por dia, promovem uma corrida de toras entre os partidos para garantir o equilíbrio do ambiente. É importante que nenhum deles ganhe sempre e que a competição seja motivo de fortalecimento e união para todos. Como cada planta possui uma qualidade especial exaltam o espírito de cada uma delas. À batata associam a fertilidade e a mudança das estações. Aos hotxuá consideram nascidos das abóboras e delas eles repetem o gestual. A flor da abóbora ondulando ao vento, a ramagem que se espalha pela terra, o fruto que cresce e se expande. E, assim como as plantas na roça ensinaram um krahô, o hotxuá diverte a tribo e todos festejam a alegria de viver.
Apesar de toda alegria, a tribo krahô também sofre. Eles temem o cultivo desmedido da soja que promove o desmatamento das áreas no entorno do cerrado onde fica a reserva indígena em Tocantins, Norte do Brasil. Lamentam o uso de agrotóxicos que envenenam os animais, a terra e as águas. Se preocupam com a possível construção de uma barragem que pode alagar os terrenos férteis e acabar com a agricultura deles e da população ribeirinha. Não entendem o motivo da ganância que leva os homens a quererem extrair mais da Terra, exaurindo-a. Não entendem o desamor entre vizinhos que não prezam o bem-estar do próximo. Pensam no futuro, mas não permitem que o medo os paralise. Riem e seguem em frente.
Fonte: http://www.hotxua.com.br/?page_id=21

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