ARTE NEGRA ARTE
As diferenças estilísticas entre um povo e outro são tão grandes quanto as que podem existir entre o rococó e o cubismo. Para a mentalidade ocidental é difícil discernir tais individualidades e essa arte é vista como exótica
(POR FRAN OLIVEIRA)
Ora escondidos, ora revelados, os mistérios estão por trás das máscaras africanas. Presentes nas mais respeitáveis coleções de arte tribal, elas influenciaram artistas do século 20, como Cezanne e Calder, e até mesmo o movimento cubista - manifestação estética que ocorreu entre 1907 e 1914, tendo como principais fundadores Pablo Picasso e Georges Braque. Em uma sociedade em que a dualidade das coisas (feminino/masculino, bem/mal) aponta para o equilíbrio, os cultos buscam sempre reverenciar a ancestralidade. Revelando, assim, a cultura de um povo escondido do mundo moderno, que começa a compreender que a África está onde a humanidade começou.
A arte africana representa os usos e costumes das tribos africanas. O objeto da arte é funcional, desenvolvido para ser utilizado, ligado ao culto dos antepassados, profundamente voltado ao espírito religioso, característica marcante dos povos africanos. É uma arte extremamente representativa, chama atenção pela sua forma e estética, os simples objetos de uso diário como ornamentos e tecidos, expressam muita sensibilidade. Nas pinturas, assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. A escultura foi uma forma de arte muito utilizada pelos artistas africanos usando-se o ouro, bronze e marfim como matéria-prima.
ARTE AFRICANA NA ATUALIDADE
Muitas das chamadas artes tradicionais da África estão sendo ainda trabalhadas, entalhadas e usadas dentro de contextos tradicionais. Mas, como em todos os períodos da arte, importantes inovações também têm sido assimiladas, havendo uma coexistência dos estilos e modos de expressão já estabelecidos com essas inovações que surgem. Nos últimos anos, com o desenvolvimento dos transportes e das comunicações dentro do continente, um grande número de formas de arte tem sido disseminado por entre as diversas culturas africanas.
Além das próprias influências africanas, algumas mudanças têm sua origem em outras civilizações. Por exemplo, a arquitetura e as formas islâmicas podem ser vistas hoje em algumas regiões da Nigéria, em Mali, Burkina Faso e Níger. Alguns desenhos e pinturas do leste indiano têm bastante similaridade em suas formas com as esculturas e máscaras de artistas dos povos Dibibio e Efik que se estabelecem ao sul da Nigéria. Temas cristãos também têm sido observados nos trabalhos de artistas contemporâneos, principalmente em igrejas e catedrais africanas. Vê-se ainda na África, nos últimos anos, um desenvolvimento de formas e estruturas ocidentais modernas, como bancos, estabelecimentos comerciais e sedes governamentais.
Os turistas também têm sido responsáveis por uma nova demanda das artes, particularmente por máscaras decorativas e esculturas africanas feitas de marfim e ébano. O desenvolvimento das escolas de arte e arquitetura em cidades africanas tem incentivado os artistas a trabalhar com novos meios, tais como cimento, óleo, pedras, alumínio, com uma utilização de diferentes cores e desenhos. Ashira Olatunde da Nigéria e Nicholas Mukomberanwa de Zimbábue estão entre os maiores patrocinadores desse novo tipo de arte na África.
A África encara suas máscaras e estátuas – em madeira e marfim ou bronze, muitas vezes em pedra ou cerâmica – não como obras de arte, mas sim, como instrumentos usados nos rituais mágico religiosos |
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